XIV
Encontro Nacional de Gestalt-Terapia e o
XI Congresso Brasileiro da Abordagem Gestáltica
De
12 a 15 de setembro de 2013 aconteceu em Recife, o XIV Encontro
Nacional de Gestalt-Terapia e o XI Congresso Brasileiro da Abordagem
Gestáltica onde a equipe do Laboratório Gestáltico
se fez presente, apresentando os seguintes trabalhos:
a) Uma mesa-redonda intitulada: Por uma clínica da “vida
vivida”...
Onde as coordenadoras do Laboratório Gestáltico: Eleonôra
T. Prestrelo e Laura Cristina de T. Quadros desenvolveram, sob aspectos
específicos, reflexões acerca de uma vida “vivida”
nos cursos de graduação em psicologia e que se faz
presente no fazer clínico.
A fala da coordenadora do projeto, Eleonôra T. Prestrelo,
intitulada: A abordagem gestáltica e sua “política
ontológica”: o exercício do cuidado do que nos
faz humanos, teve inicio identificando na costura de uma trajetória
de vida - da origem nordestina ao momento atual – a proximidade
de uma noção de cuidado que se faz presente numa abordagem
gestáltica da vida. Um cuidado que não é dado
“a priori’ e sim praticado em relações
que se constroem de forma horizontalizada. Estendendo esse tema
para o que é vivido na graduação de psicologia,
utilizando depoimentos de alunos e profissionais da área
da saúde que identificam uma nítida e questionável
dicotomia entre o viver e o conhecer, da forma como é instituída
na Academia levantou, apoiada em alguns autores contemporâneos,
questionamentos quanto ao seu sentido. Ensinar e praticar a Psicologia,
bem como viver, implica na adoção de uma postura política.
Qual seria então, o interesse na perpetuação
dessa dicotomia? Todo o saber é localizado (HARAWAY, 1995),
não podemos ser “inocentes” quanto a isso e como
tal, sua constituição e reprodução implicariam
numa “política ontológica”.
A fala da vice-coordenadora do projeto, Laura Cristina de T. Quadros,
intitulada: O Cotidiano de uma gestalt-terapeuta: a clínica
dos pequenos acontecimentos, onde toma como ponto de partida uma
trajetória de mais de 25 anos de prática clínica
e de atuação em comunidades e universidades permeada
pelo fio da abordagem gestáltica, fala de sua concepção
da clínica, compreendendo o fazer clínico (e o tornar-se
clínico) como uma construção artesanal articulada
com a vida incluindo desde os engates da graduação,
passando pela formação do terapeuta, até a
arte de formar outros terapeutas, destaca assim, os desafios cotidianos
que emergem dessa prática. Nos fala de uma prática
clínica em Gestalt-Terapia que, por seu viés fenomenológico
permite-nos a singularidade na intervenção onde cada
processo é único e, como tal, deve ser acompanhado
em suas nuances e peculiaridade. Destaca a importância do
princípio de simetria nessa prática pois ,se nos posicionarmos
como aquele que vai descobrir o que está acontecendo com
o outro, faremos uma leitura unilateral, e por que não dizer,
ficcional. Uma relação simétrica, nos convoca
a “fazer com o outro e não sobre o outro”, a
criar “intervenções que nos ativem a todos”,
a tomar aqueles que são nossos clientes e pesquisados “como
especialistas e parceiros no processo de construir o conhecimento”
(Moraes, 2010, p. 41-42). A prática clínica exige
essa sensibilidade. A pergunta interessante não pode interessar
apenas ao terapeuta. É preciso, sobretudo envolver o cliente.
A pergunta, então, deve ser interessante também para
ele. Saber perguntar, não é ter o poder ou o dom da
sabedoria, mas sim deixar a pergunta emergir do campo, da relação.
Não há um manual de perguntas geniais para serem repassadas.
Mas elas realmente podem ser produzidas no campo, no acontecimento,
no evento local. É nesse movimento que é possível
a transformação. Considerando o exposto, podemos pensar
numa clínica dos pequenos acontecimentos e da pergunta interessante,
a que inclui o cliente, perpassa o psicoterapeuta, afeta a relação.
Poderes e saberes assim distribuídos poderão, então,
atuar como potência para os implicados.
Nessa breve explanação do que foi apresentado, a marca
de nosso projeto se instaura, mais uma vez, ou seja, pensar e refletir
acerca de uma prática clínica se fazendo, processo
contínuo de afetações no cotidiano.
b)
Uma comunicação oral intitulada: "Laboratório
Gestáltico: uma experiência de sensibilização
acerca das questões contemporâneas." apresentado
pelas estagiárias Rafaelle D. Melo e Priscilla C. Welte com
a participação da equipe do projeto Eleonôra
T.Prestrelo; Laura Cristina de T. Quadros; Keyth de O. Viana e Carolina
F. Guerreiro, seguindo um percurso de participação
nos eventos da Abordagem Gestáltica. Nos diz elas, tendo
visto que no último Congresso Brasileiro levamos como proposta
de trabalho apresentar nosso projeto, em seu histórico, objetivos
e práticas, escolhemos, nesta oportunidade, focar nossa apresentação
em algo que para o Laboratório é de suma importância:
a experienciação, neste caso, a nossa. Para tal, revisitamos
nosso lugar como profissionais em formação e estagiárias
do Laboratório Gestáltico. Ser estagiária do
Laboratório Gestáltico é poder experimentar
uma posição privilegiada, uma vez que nos foi possível
acompanhar de perto, como co-criadoras, os diversos fenômenos
nascidos dos encontros. Ter a possibilidade de, saindo da sala de
aula, encontrar um espaço onde o importante é dar
vez e voz à nossa percepção acerca das questões
que nos cercam e nos mobilizam como psicólogos em formação.
Estar disponível, aberta ao que emerge e sensibilizadas às
questões contemporâneas são aprendizados que,
como expusemos acima, perpassam nossa experiência no Laboratório
Gestáltico. Além disso, no movimento para preparação
deste trabalho, tivemos a possibilidade de nos darmos conta do desejo
de levar e multiplicar essa experiência para nossa prática
profissional, visto que encontramos nesta forma gestáltica
de apreender o mundo algo norteador para nossas ações,
assim como de compartilhá-la neste Congresso, apostando na
potencialidade integradora desta proposta.
Por
fim, apresentamos um pôster de outro projeto de extensão,
vinculado ao Laboratório Gestáltico por sua afiliação
teórico-metodologica, o GAPsi- grupos de apoio psicológico,
que se constitui num espaço de acolhimento do sofrimento
dos alunos de psicologia do IP/UERJ utilizando uma metodologia gestáltica
de trabalho em grupo, onde os participantes podem desenvolver uma
rede de suporte e apoio social, experimentar e apreender a utilização
dessa metodologia como recurso para uma prática. O pôster
intitulado A “vida” universitária nasce de e
inspira comunidades... foi produzido pela equipe do projeto: Eleonôra
T. Prestrelo; Erika Araujo e Deborah Thiers.
Com
esses trabalhos apresentados reafirmamos nosso espaço inovador
dentro da universidade e confirmamos o potencial da abordagem gestáltica
no cenário das práticas psi.
Página
Inicial |